Foto: Ricardo Stuckert -
O evento começou na quinta-feira (13) e vai até amanhã (15) em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da ItĂĄlia. A sessão de trabalho começou com os discursos da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e do papa Francisco. A fala do presidente Lula e de outros lĂderes não foi transmitida, mas o texto lido foi divulgado pelo PalĂĄcio do Planalto.
Para o presidente brasileiro, os desafios atuais envolvem a condução de uma revolução digital inclusiva e o enfrentamento das mudanças do clima. Nesse sentido, segundo ele, a inteligĂȘncia artificial pode potencializar as capacidades dos Estados de adotarem polĂticas pĂșblicas para o meio ambiente e contribuir para a transição energética."Precisamos lidar com essa dupla transição tendo como foco a dignidade humana, a saĂșde do planeta e um senso de responsabilidade com as futuras gerações. Na ĂĄrea digital, vivenciamos concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno nĂșmero de pessoas e de empresas, sediadas em um nĂșmero ainda menor de paĂses. A inteligĂȘncia artificial acentua esse cenĂĄrio de oportunidades, riscos e assimetrias", disse.
Para o presidente, qualquer uso da inteligĂȘncia artificial deve respeitar os direitos humanos, proteger dados pessoais e promover a integridade da informação. "Uma inteligĂȘncia artificial que também tenha a cara do Sul Global [paĂses do Hemisférios Sul, considerados em desenvolvimento], que fortaleça a diversidade cultural e linguĂstica e que desenvolva a economia digital de nossos paĂses. E, sobretudo, uma inteligĂȘncia artificial como ferramenta para a paz, não para a guerra. Necessitamos de uma governança internacional e intergovernamental da inteligĂȘncia artificial, em que todos os Estados tenham assento", disse Lula aos lĂderes.
As cĂșpulas do G7 costumam contar com a presença de paĂses convidados. Esta é a oitava vez que Lula participa da CĂșpula do G7. As seis primeiras ocorreram nos dois primeiros mandatos, entre os anos de 2003 e 2009. Desde então, o Brasil não comparecia a um encontro do grupo. A sétima participação do presidente brasileiro foi no ano passado, na cĂșpula em Hiroshima, no Japão.
No segmento de engajamento externo deste ano, foram discutidos, entre outros, os temas de inteligĂȘncia artificial e de energia, bem como a cooperação com a África e no Mar Mediterrâneo. Para Lula, os africanos são parceiros indispensĂĄveis e devem ser considerados no enfrentamento dos desafios globais.
"Com seus 1,5 bilhão de habitantes e seu imenso e rico território, a África tem enormes possibilidades para o futuro. A força criativa de sua juventude não pode ser desperdiçada cruzando o Saara para se afogar no Mediterrâneo. Buscar melhores condições de vida não pode ser uma sentença de morte", disse, em referĂȘncia às mortes de migrantes no Mar Mediterrâneo.
"Muitos paĂses africanos estão próximos da insolvĂȘncia e destinam mais recursos para o pagamento da dĂvida externa do que para a educação ou a saĂșde. Isso constitui fonte permanente de instabilidade social e polĂtica. Sem agregar valor a seus recursos naturais, os paĂses em desenvolvimento seguirão presos na relação de dependĂȘncia que marcou sua história. O Estado precisa recuperar seu papel de planejador do desenvolvimento", acrescentou o presidente.
O G7 é composto por Alemanha, CanadĂĄ, Estados Unidos, França, ItĂĄlia, Japão e Reino Unido. Além dos membros do grupo, da Santa Sé e do Brasil, foram convidados para a reunião África do Sul, ArĂĄbia Saudita, Argélia, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Ăndia, Jordânia, Mauritânia (representando a União Africana), QuĂȘnia e Turquia. Entre os organismos internacionais, os convidados são União Europeia (com status de observadora no G7), Organização das Nações Unidas, Fundo MonetĂĄrio Internacional, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
Hoje e amanhã, Lula terĂĄ diversos encontros bilaterais com lĂderes presentes no evento. A previsão é que a comitiva presidencial retorne ao Brasil no domingo (16).