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Relator da CPI da Braskem pede indiciamento da mineradora e 8 pessoas

Por Panoramams em 15/05/2024 às 17:12:22

Foto: Senado Federal

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a atuação da Braskem em Maceió concluiu que a mineradora cometeu, ao menos, seis crimes, que vão desde a omissão, por não tomar as medidas de prevenção necessĂĄrias, como o de lavra ambiciosa, por extrair maior quantidade de sal-gema do que a segurança das minas permitiriam.

"É importante observar que o crime ambiental de Maceió não começou com um tremor de terra no dia 3 de março de 2018. Trata-se de um crime permanente, cuja consumação perdurou por décadas", destacou o relator da CPI, senador Rogério Carvalho (PT/SE).

O relator pediu o indiciamento da mineradora e de mais oito pessoas ligadas à Braskem, entre eles diretores, gerentes, engenheiros e técnicos responsĂĄveis da companhia, o que inclui o atual vice-presidente executivo Marcelo de Oliveira Cerqueira. Ouvido na terça-feira (14), ele afirmou desconhecer as ilegalidades praticadas pela Braskem em Maceió.

O relatório do senador Rogério Carvalho, com mais de 760 pĂĄginas, deve ser votado na comissão na próxima terça-feira (21).

A atuação da mineradora no municĂ­pio levou ao afundamento de cinco bairros, causando o deslocamento forçado de 15 mil famĂ­lias.

São imputados à Braskem, aos gestores e técnicos da mineradora, entre outros, crimes como o de poluição, de extração de matéria-prima em desacordo com as obrigações legais e de elaboração ou apresentação de laudo ou estudo falso ou enganoso, todos previstos na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de 1998).

"Maceió é hoje vĂ­tima do maior crime ambiental em ĂĄrea urbana do mundo: o afundamento do solo em uma região de 3,6 kmÂČ jĂĄ atingiu diretamente 60 mil pessoas, obrigadas a deixar as suas casas", disse o senador.

O relator ainda pediu o indiciamento de outras quatros empresas que prestaram serviços para Braskem, realizando laudos sobre a situação do solo dos bairros afundados em Maceió. Os laudos foram considerados falsos pelo relator, servindo para enganar a AgĂȘncia Nacional de Mineração, responsĂĄvel pela fiscalização do setor.

"[A Braskem sabia da possibilidade de subsidĂȘncia do solo e mesmo assim decidiu deliberadamente assumir o risco de explorar as cavernas para além das suas capacidades seguras de produção. Além disso, para que pudesse manter a continuidade e o ritmo da extração de sal-gema, inseriu informação falsa em documentos pĂșblicos, omitiu dados essenciais de relatórios técnicos e manipulou os órgãos de fiscalização", afirma o senador.

AusĂȘncia do Estado

O relator Rogério Carvalho diz em seu relatório que a ação da empresa só foi possĂ­vel "devido à ausĂȘncia deliberada do Estado, que não fiscalizou ou monitorou corretamente a extração de sal-gema em Maceió".

"Percebemos que as vĂĄrias violações observadas só puderam ocorrer porque os órgãos regulatórios se omitiram em seu dever de fiscalização; concederam e renovaram licenças a partir de relatórios fornecidos ou encomendados pela própria empresa, sem qualquer verificação; ignoraram alertas de especialistas e denĂșncias da população", destacou.

O relator sugeriu que houve omissão de gestores, superintendentes e diretores da AgĂȘncia Nacional de Mineração (ANM) e do extinto Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), antecessor da ANM, e do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas.

Rogério Carvalho ainda apontou para omissão dos ex-ministros de Minas e Energia Moreira Franco, do governo Michel Temer, e Bento Albuquerque e Adolfo Sachsida, ambos do governo de Jair Bolsonaro, por não encerrarem a concessão da lavra da Braskem em Maceió.

Porém, no caso dos servidores e agentes pĂșblicos, o relator não pediu o indiciamento por concluir que "não foi possĂ­vel reunir elementos materiais suficientes para imputar responsabilidade penais aos indivĂ­duos, portanto, motivo pelo qual consideramos que mais diligĂȘncias são necessĂĄrias para a elucidação das circunstâncias".

Nota

Em nota, a mineradora diz que "esteve à disposição da Comissão Parlamentar de Inquérito, colaborando prontamente com todas as informações e providĂȘncias solicitadas. A companhia continua à disposição das autoridades, como sempre esteve".

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