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Thiago Basso em delação premiada diz que Grupo de Claudinho Serra usou PCC para ameaçar e silencia-lo

Prefeita Vanda Camilo diz que declarações têm motivações políticas

Por Panoramams em 18/06/2024 às 16:31:50

Foto: divulgação Web

O conteúdo da delação premiada feita pelo ex-chefe de compras da prefeitura de Sidrolândia, Thiago Basso da Silva, revela que o grupo de criminosos que comandava o esquema de corrupção no município tentou, de várias formas, barrar o acordo de colaboração dele com a Justiça . O ex-servidor contou aos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que, enquanto estava preso, foi ameaçado diretamente por um dos empresários atuantes no esquema e foi procurado por um advogado, considerado 'braço direito' da prefeita Vanda Camilo (PP), para comprar seu silêncio.

Thiago contou que ficou preso junto com os empresários Ueverton da Silva Macedo, o "Frescura", e Roberto da Conceição Valençuela. Neste período, o ex-servidor revelou que o trio ficou em uma ala do presídio comandada pelo PCC e que "Frescura" conhecia muito bem vários presos ali. "A ala 1 é faccionada do PCC, é o PCC que comanda aquela unidade ali. Ele [Frescura] tinha muito contato com aquelas pessoas ali [?] todo mundo o conhecia, tinha vínculo de amizade ou de favor que desviava para ele lá [?] isso me gerou pânico na época."

Ainda conforme depoimento feito por Thiago, em conversa no pátio do presídio sobre uma possível delação premiada, o próprio 'Frescura' o ameaçou. "Um dia questionei o 'Frescura' sobre a possibilidade de fazermos delação. Ele ficou bem alterado. Dois dias depois, ele me chamou para conversar e falou que, se eu tomar a decisão de fazer a delação premiada, poderia ter certeza de que, "antes da minha mãe chorar, a mãe que vai chorar é a sua", lembrou.

Thiago revelou ainda que foi procurado por um advogado que teria sido indicado por um 'braço direito' da prefeita Vanda Camilo (PP) – sogra do vereador licenciado e apontado como chefe do esquema de corrupção, Claudinho Serra (PSDB). "Fui procurado por outro advogado, indicado por Pitó [ex-secretário de Fazenda e de Saúde de Sidrolândia, Luiz Carlos Pitó]. 'Frescura' foi comigo e disse que só queria saber sobre delação premiada, não nem pensar [teria dito o advogado aos dois]". O advogado também teria dito que Thiago não precisaria pagar seus honorários, pois o "pagamento vai ser por parte deles", sem revelar quem seriam essas pessoas. Ainda assim, disse que era para ficar tranquilo, pois a família dele lá fora, enquanto Thiago estava preso, seria cuidada por "eles".


Vanda diz que declarações têm motivações políticas

Em nota, a prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo, nega as acusações feitas por seu ex-servidor em delação e afirma que as declarações feitas por ele têm cunho eleitoreiro.

"É com tranquilidade e firmeza que venho reafirmar minha inocência em relação às acusações na delação premiada divulgada recentemente. As declarações contidas na delação apontam para atos praticados por servidores, que estão sendo investigados

Não tolero e nunca tolerei qualquer ato de corrupção em minha gestão, e assim que tomei conhecimento dos fatos, agi de forma imediata e enérgica. Todos os servidores envolvidos foram exonerados ou afastados, obedecendo rigorosamente aos trâmites

Ao longo de mais de 37 anos como servidora pública, atuei em diversos cargos de direção, chefia e coordenação na administração. Minha conduta sempre foi pautada pela integridade, agilidade com honestidade, ética e transparência em todas as áreas de atuação, seja no trato com os recursos públicos ou nas tomadas de decisões.

Nunca me envolvi em atividades ilícitas ou antiéticas, e nunca respondi a nenhum processo, pois sempre sigo a legalidade e os princípios que regem a administração pública. A integridade é um compromisso de que eu carrego com orgulho e que sempre guiei minhas ações como servidora pública.

Confio plenamente na justiça e espero que os fatos sejam esclarecidos e os envolvidos respondam nos rigores da lei.

É evidente que as declarações têm motivações políticas, pois partem de quem é de família com interesses políticos na cidade há anos. Esta é uma clara tentativa de denegrir a imagem do governo, especialmente devido à proximidade das eleições

Reitero meu compromisso com a transparência, a legalidade e o bem-estar da população, e continuarei trabalhando incansavelmente em prol do desenvolvimento de nossa cidade"


Delação revela detalhes de como Claudinho Serra lucrava com esquema

Pagamento em dobro por um produto ou serviço, "mesada" de 10% cobrada de empresários e uso de contratos para interesses pessoais são alguns dos exemplos mencionados por Silva sobre como operava o grupo

Thiago Basso da Silva falou como Claudinho Serra – na época secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica – fazia cobranças aos empresários vencedores de licitações milionárias no município de Sidrolândia.

Nessa lista de empresários estão alguns nomes da Operação Tromper como José Ricardo Rocamora, Luiz Gustavo Justiniano Marcondes e Milton Matheus Paiva Matos. Os pagamentos foram feitos, na maioria dos casos, em dinheiro.

"O Cláudio Serra cobrava, na época secretário de Fazenda, uma porcentagem de 10% das empresas que tinham grandes contratos com o Município, uma porcentagem de 10% de tudo aquilo que era pago pelo Município. Então ele me fez levantamentos, igual Ricardo Rocamora, outras empresas. Essa empresa recebeu R$ 30 mil neste mês do município, então você tem que cobrar dela R$ 3 mil neste mês. Dez por cento tem que pagar de comissão para a gente aqui", afirmou Silva durante a delação.

Valor pago em dobro

Outro ponto abordado por Silva foi que os preços pagos pelos compromissos foram feitos em dobro. Se um serviço custasse R$ 3 mil, por exemplo, a Prefeitura de Sidrolândia desembolsava R$ 6 mil.

Além disso, Claudinho Serra mencionou os contratos para interesses pessoais, especialmente com a empresa de Rocamo

"Se o Claudinho Serra precisasse de alguma coisa, como dinheiro ou algum item que ele precisasse, como a compra de telhas ou de um poste de madeira para a fazenda dele, ele dizia: 'Compra lá, o Ricardo acerta e vamos pagar ele com nota da prefeitura.

Operação Tromper

Nas duas primeiras fases da Operação Tromper, os agentes investigaram corrupção na prefeitura de Sidrolândia, cidade distante 70 quilômetros de Campo Grande. Durante as investigações, foi descoberta, segundo o Gecoc, uma conspiração entre empresas que participaram de licitações.

Eles firmaram contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, que somados chegam a valores milionários. Ainda segundo as apurações, também foi investigada a existência de uma organização criminosa externa para fraudes em licitações e

Além disso, foi apurado o pagamento de propina a agentes públicos, inclusive na troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração pública.

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